sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Vencedores e Perdedores rumo ao Oscar 2006


Todo ano é assim. Após a premiação do Globo de Ouro 2006 (que funciona como uma prévia do Oscar), críticos e analistas apontam seus palpites sobre a maior premiação da indústria cinematográfica.


Sim, porque o Oscar é mais uma premiação de indústria do quê artística. Temos casos e mais casos que, ao longo dos anos, comprovam essa teoria. Temos exceções? Claro, mas como diz o dito popular: toda regra tem sua exceção, e no Oscar não poderia ser diferente.


Depois de abocanhar os principais prêmios da crítica do ano (a lista é grande: Leão de Ouro no Festival de Veneza 2005, Melhor Filme e Diretor pela Associação dos Críticos de Los Angeles, de Boston, de Dallas, de São Francisco, pelo Círculo de Críticos de Nova York e do Sudeste, e Melhor Diretor pelo National Board of Review. Ufa!), O Segredo de Brokeback Moutain (Brokeback Moutain, 2005), confirmou seu favoritismo e levou também 4 Globos de Ouro: Melhor Filme-Drama, Diretor-Ang Lee, Roteiro e Canção Original. Todas as previsões apontam que a estória do romance incomum entre dois cowboys nos EUA dos anos 60, receberá o maior número de indicações no próximo Oscar, refletindo também na premiação.


Mas ainda não terminamos com os vencedores. George Clooney ganhou o Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante por Syriana - A Indústria do Petróleo (Syriana, 2005), um filme corajoso sobre a indústria do petróleo e suas politicagens. Clooney, aliás, está muito cotado para sua primeira indicação ao Oscar tanto como Coadjuvante por Syriana, quanto como Diretor e Filme pelo muito bem recebido Boa Noite e Boa Sorte (Good Night and Good Luck, 2005), já que ganhou como Melhor Filme pelo National Board of Review, além de outras indicações.


O Jardineiro Fiel (The Constant Gardener, 2005), produção internacional dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles, ganhou apenas na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante, para Rachel Weisz, mas vai com muita força para receber indicações nas principais categorias no próximo Oscar. E louvemos uma questão até então não levantada: Indicação também já é um prêmio. Sim, claro. Vejamos o caso do próprio Meirelles. Vamos repassar a lista dos indicados ao Globo de Ouro de Melhor Diretor: Woody Allen, por Ponto Final - Match Point (Match Point, 2005); Peter Jackson, por King Kong (Idem, 2005); Steven Spilberg, por Munique (Munich, 2005) e George Clooney, por Boa Noite e Boa Sorte (Good Night and Good Luck, 2005). Entrar nesta seleta lista já uma grande vitória.


Johnny & June (Walk The Line, 2005), cinebiografia do cantor de músicas country Johnny Cash, levou 3 Globos de Ouro: Melhor Filme-Comédia/Musical, Ator-Comédia/Musical (Joaquim Phoenix) e Atriz-Comédia/Musical (Reese Whiterspoon), alçando assim seus protagonistas a favoritos a indicações. Não creio muito na força do filme, mas com certeza Phoenix e Whisterspoon serão indicados.


Dois filmes saíram enfraquecidos da disputa, mas, que merecem toda a atenção são Ponto Final - Match Point (Match Point, 2005) de Woody Allen, e Crash – No Limite (Crash, 2005) de Paul Haggis. Suas indicações devem ficar restritas a Roteiro e Coadjuvantes, ficando de fora dos prêmios de Direção e Filme.


Philip Seymour Hoffman levou o prêmio de Melhor Ator-Drama, pela sua personificação do Truman Capote por Capote (Idem, 2005). Eis aqui um forte concorrente para o prêmio de Melhor Ator (juntamente com Russel Crowe por A Luta Pela Esperança e o já citado Phoenix). Melhor atriz-Drama foi para Felicity Huffman em Transamérica (Idem, 2005), mais conhecida pela série de sucesso Desesperate Housewifes, e com grandes chances de indicação no próximo Oscar.


Um filme que pode surpreender e ainda não citado é Memórias de uma Gueixa (Memoirs of a Geisha 2005) de Rob Marshall (do oscarizado Chicago). Venceu com Melhor Trilha Sonora Original, mas deve levar algumas indicações, incluindo o de Melhor Atriz para Ziyi Zhang (revelada por Ang Lee em O Tigre e o Dragão).


Marcas da Violência (A History of Violence, 2005) de David Cronemberg, saiu de mãos vazias, mas com sua estória forte e de grande tensão dramática, deve estar também entre os principais indicados (Filme e Atriz, principalmente).


Não esqueçamos de também de Munique (Munich, 2005) de Spilberg, que mesmo com um tema muito complicado nos EUA (o combate ao terrorismo, e também por ser longo, com pouco mais de 2 horas e 30), vem recebendo boa recepção dos críticos e público, além do Blockbuster King Kong, que para mim deve ater-se a figurar apenas nas categorias técnicas.
E será que teremos surpresas, azarões? Sim, claro. Principalmente nas indicações, que na minha opinião também funciona como uma forma de premiar os melhores da indústria cinematográfica mais rentável do mundo.


Ou seja, no Oscar, perder também é ganhar.


> Originalmente publicado no site http://www.solcultura.com.br/ (coluna Iscrípite), em 18/01/2006.


Trilha Sonora nas Caixetas: Tristes Versos, Enverso.

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